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segunda-feira, 1 de março de 2010

Acordo

Não negando a pureza da língua de Camões, Gil Vicente ou Fernando Pessoa, questiono a liberdade da sua utilização por diversos povos, que a adoptam como meio de expressão e comunicação. Estarei de acordo com o AO, na medida em que este possa defender a pureza da língua e as suas origens, deixando margem para a criação de novos vocábulos, consoante as regiões e os povos que os utilizam. No caso da língua portuguesa, a sua expansão cultural abrange Portugal, Brasil e as ex-províncias ultramarinas, em África, Índia e Macau. Compreende-se que Fernando Pessoa diga que a língua portuguesa é a sua Pátria, capaz de absorver termos de outras línguas, como o Inglês e o Francês. Nós, portugueses, só temos a ganhar com o intercâmbio cultural, não esquecendo as afinidades que existem na origem das línguas latinas: Português, Francês, Espanhol, Italiano. Sendo o português uma língua viva, tem a capacidade de assimilar novos termos e de aceitar as inerentes transformações. Por uma questão prática, utilizamos muitos termos em inglês, sobretudo no que diz respeito à nova tecnologia, que propõe uma linguagem universal. O termo "facebook" é disso um exemplo. Outras influências: "charmoso", em vez de "charmant", que deriva de charme (encanto). A diferença entre estes dois exemplos, é que, no primeiro caso, aceite universalmente, não há adaptação fonética à língua portuguesa, ao contrário do segundo caso, que cria um novo vocábulo, por influência de uma língua estrangeira. Poderia citar inúmeros exemplos. O termo "Surrealismo" é a tradução de "Surréalisme", em vez de Super Realismo, como deveria ser em Português; o termo "fauvismo" é a tradução de "fauvisme". O que é curioso é que as línguas latinas influenciam-se mutuamente e com mais facilidade aceitam afinidades fonéticas. O que é preocupante é a nova colonização cultural através da língua inglesa, ao ponto de os portugueses falarem cada vez mais o inglês, em detrimento da língua materna! Assim se perde a identidade cultural dos diversos povos no mundo. Se, por um lado, é vantajoso e prático usarmos todos a mesma língua, não devemos perder a identidade cultural da língua materna, referência primordial que compete defender, cultivar e aprofundar! O brasileiro utiliza o português como uma língua viva, que, com o seu sotaque, abre as vogais, torna-a mais audível e recria-a com novos vocábulos, correndo o risco de cometer erros ortográficos e fonéticos. Por exemplo "fato", em vez de "facto". Se os portugueses devem respeitar a pureza da sua língua, não podem deixar de reconhecer que o brasileiro, com todos os seus defeitos e qualidades, contribui para a expansão da língua, nomeadamente através da Literatura e do Teatro.



Dalila d’ Alte-Rodrigues
2010

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